Maio/2015

Painel feito por grafiteiros do DF em muro da Casa da ONU em 2014. Foto: José Cruz/Ag. Brasil. Clique para aumentar.
Uma nefasta relação entre cor da pele e risco de morte violenta persiste no Brasil. É o que mostra o relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, que aponta a população negra e jovem nordestina como a principal vítima da violência no país. Elaborado pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Ministério da Justiça e a Unesco, o relatório, divulgado em 7 de maio, compara as taxas de homicídio de negros e de brancos e mostra que os jovens negros são duas vezes e meia mais vítimas do que os jovens brancos.
Um dos componentes do IVJ – Violência e Desigualdade Racial considera o risco relativo de jovens de 12 a 29 anos negros e brancos serem vítimas de assassinatos. Na Paraíba, em 2012, o risco de morte de um jovem negro foi de 13,40 vezes maior do que o observado para um jovem branco. Em Pernambuco, 11,57, em Alagoas, 8,75, e, no Ceará, 4,01.
No índice geral, que inclui outros componentes além do risco relativo de assassinato (mortalidade por acidentes de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza e desigualdade), os valores podem ir de zero a um: quanto maior o valor, maior o contexto de vulnerabilidade dos jovens daquele território. O estado de Alagoas (0,608) aparece em primeiro lugar, seguido pela Paraíba (0,517), Pernambuco (0,506) e o Ceará (0,502). Esses quatro estados, portanto, apresentam situações de alta vulnerabilidade juvenil à violência em quase todos os componentes do IVJ – Violência e Desigualdade Racial. No outro extremo da escala destacam-se São Paulo (0,200), Rio Grande do Sul (0,230), Santa Catarina (0,252), Minas Gerais (0,280) e Distrito Federal (0,294). Esse último, apesar de apresentar baixa vulnerabilidade juvenil à violência no indicador sintético, apresenta uma das maiores taxas de desigualdade na mortalidade de jovens de negros e brancos, com jovens negros apresentando uma taxa de mortalidade de morte 6,53 vezes maior que a observada para jovens brancos. O Paraná é o único estado onde a vulnerabilidade relacionada ao homicídio é maior para os brancos, 71,2.
No ano passado, o Mapa da Violência 2014 já sugeria o quadro de desigualdade racial: das 56.337 pessoas vítimas de homicídio no país em 2012, 30.072 eram jovens de 15 a 29 anos. Desse total, 23.160 (77%) eram negros (considerada a soma de pretos e pardos). De acordo com a pesquisa, os homicídios são a principal causa de morte de jovens no Brasil e atingem principalmente negros, moradores da periferia e de áreas metropolitanas dos centros urbanos. De 2002 a 2012, o número de homicídios de jovens brancos caiu 32,3%, e o de negros, aumentou 32,4%.
Acesse:
Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014
Leia em HCS-Manguinhos:
Saúde e Escravidão – Suplemento temático (dez. 2012)