Junho/2015
Elaborados pelo Ministério da Educação brasileiro em 1996, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) instituem como temas transversais na educação questões da ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde e orientação sexual. Embora o documento envolva as diversas disciplinas, cada uma trata os conteúdos de forma isolada, o que prejudica a transversalidade e a interdisciplinaridade.

Detalhe de foto. Prefeitura de Carmo do Cajuru, MG
O artigo “A educação em saúde como proposta transversal: analisando os Parâmetros Curriculares Nacionais e algumas concepções docentes”, de Julio Cesar Bresolin Marinho, João Alberto da Silva e Maira Ferreira, publicado em HCS-Manguinhos (vol.22, n.2, jan/abr 2015), avalia a transversalidade na educação em saúde. Para os autores, a cultura da transversalidade implica numa mudança na perspectiva do currículo escolar e requer um compromisso colegiado da escola como um todo, no qual todos os professores, juntamente com outros profissionais, planejem e desenvolvam ações buscando promover a saúde de forma permanente nas escolas.
Entrevistas feitas com professores evidenciaram que a educação em saúde manifesta-se como algo na periferia do currículo, o que ocorreria devido à consolidação dos campos disciplinares na escola e da estrutura das disciplinas nos currículos dos cursos para formação de professores. As falas sugerem que falta sistematização de ações e práticas de saúde na escola. As atividades esporádicas são motivadas por alguma problemática.
Os autores observaram ainda que a ida de alunos enfermos ao posto de saúde é compreendida como prática da educação em saúde, o que evidencia a crença num modelo biomédico de saúde. Para superar este modelo, emerge outro paradigma: o de promoção da saúde, que parte de uma concepção ampla e holística do processo saúde-doença e seus determinantes.
“Na escola, uma vez que a saúde é tratada de forma reducionista, relacionando-a com a doença e transferindo as ações e práticas somente para o posto de saúde, perde-se essa característica integrativa e intersetorial presente no campo atual da educação em saúde. Em função disso, a compreensão da saúde pela visão contemporânea de Educação Permanente em Saúde pode ser uma alternativa para possibilitar a concretização da transversalidade na educação em saúde”, defendem os autores.
Leia em HCS-Manguinhos:
A educação em saúde como proposta transversal: analisando os Parâmetros Curriculares Nacionais e algumas concepções docentes, artigo de Julio Cesar Bresolin Marinho, João Alberto da Silva e Maira Ferreira (vol.22, n.2, jan/abr 2015)
Sumário da edição de HCS-Manguinhos (vol.22, no.2, abr./jun. 2015)
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Saúde na escola: do modelo biomédico à educação permanente. Blog de HCS-Manguinhos. [viewed 01 July 2015]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/saude-na-escola-do-modelo-biomedico-a-educacao-permanente